quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Reconstrução Mamária


Em entrevista à RPC Saúde & Estética, o cirurgião Ognev Cosac fala sobre os benefícios dessa cirurgia que recompõe essa delicada parte do corpo feminino, tão essencial para sua autoestima

O que é reconstrução mamária? E quais são seus benefícios?

A reconstrução mamária é um procedimento cirúrgico que visa recompor o volume e/ou a forma da mama em deformidades mamárias congênitas ou adquiridas. Os seus benefícios estão fortemente ligados à imagem corporal, muitas vezes resgatando a autoconfiança e a autoestima da pessoa, oferecendo a ela uma qualidade de vida melhor e uma convivência mais saudável com o seu meio familiar, profissional e social.

Em que momento é feita a escolha pela opção da reconstrução mamária?

A partir do diagnóstico da deformidade ou da patologia que irá provocar uma mutilação da mama, a reconstrução já pode começar a ser planejada. Cerca de 10 a 12% da população feminina tem ou vai ter câncer de mama no decorrer da sua vida, e esta é a maior consequência das deformidades mamárias. O tratamento do câncer de mama exige uma equipe multidisciplinar e o mastologista juntamente com o cirurgião plástico devem fazer um planejamento conjunto para oferecer ao paciente uma maior segurança oncológica juntamente com a menor deformidade possível para aquele caso.

Como é feita a reconstrução mamária utilizando tecidos próprios?

Quando é possível fazer uma cirurgia conservadora podendo retirar apenas uma parte da mama, se reconstroi essa mama com os tecidos que sobrou da própria mama. Pode ser também com tecidos vizinhos e também com tecidos do abdome inferior quando ele é redundante.

E com implantes de mama?

Quando não tem volume suficiente na mama ou no abdome, é necessário usar próteses de silicone e/ou expansores de tecidos para repor pele e volume mamário para reconstruir a mama. Dependendo do caso, se faz necessário trazer pele por meio de um retalho miocutâneo ou microcirúrgico de outra região (dorsal, abdominal ou glútea).

Toda mulher que se submeteu a um tratamento de câncer de mama necessita da reconstrução mamária?

Não necessariamente. A mastologia e a oncologia, entre vários fatores, avaliam o tamanho do tumor e seu potencial de agressão. Sendo assim, existem cirurgias mais conservadoras, as quadrantectomias, que retiram apenas parte da mama, não sendo necessária uma reconstrução propriamente dita, mesmo assim as equipes de mastologia e cirurgia plástica devem trabalhar em conjunto para definir a melhor estratégia de tratamento. Necessário também avaliar as contra indicações para as reconstruções mamárias, que estão relacionadas com doenças sistêmicas, condições clínicas, idade, necessidade de tratamentos oncológicos, entre outros; e, sobretudo, o desejo da paciente.

O que pode ser feito para diminuir a diferença com relação à mama normal?

Quando a mama reconstruída fica com características muito diferentes da mama sadia, uma plástica mamária de simetrização se faz necessária. Atualmente está em voga a realização de mastectomia bilateral, sendo curativa ou profilática. Quando este procedimento é indicado, se faz a reconstrução também bilateral diminuindo as assimetrias.

Muitas vezes a auréola e o mamilo são retirados após a mastectomia. Como pode ser feita essa reconstituição?

Existem diversas técnicas para essa finalidade. O mamilo pode ser feito com um pedaço do mamilo contralateral, da orelha, da língua, dedo do pé, ou ainda com pequenos retalhos locais. Já a auréola se reconstroi com enxerto de pele das pálpebras, dos pequenos lábios vaginais ou da virilha. O uso de tatuagens também podem ser utilizados.

A reconstrução mamária irá interferir no tratamento do câncer?


Não. Por esse motivo é que a tendência nos dias atuais é de se optar pela reconstrução de mama imediata, ou seja, no mesmo ato operatório de retirada do câncer de mama, podendo a paciente realizar o tratamento posterior de quimioterapia e radioterapia, quando indicados.

A cirurgia da reconstrução mamária pode apresentar riscos ou complicações?

Sim. Como qualquer procedimento cirúrgico, ela é passível de complicações, dependendo das doenças prévias existentes e das peculiaridades inerentes à técnica cirúrgica escolhida. Por isso, a cirurgia deve ser feita por um profissional habilitado para tal fim, no caso um cirurgião plástico, que avaliará essas variáveis e discutirá com o paciente a melhor forma de tratamento, as possíveis complicações, e as orientações pós-operatórias. Além disso, existem os riscos da anestesia.

Quais são os desconfortos provocados pela cirurgia?

Eles podem variar de acordo com a técnica de reconstrução proposta, mas, no geral, as pacientes sentem dormências transitórias nas áreas operadas, inchaço e dores nesses locais.

Quais cuidados que devem ser tomados após a cirurgia?

Entre eles, citamos o repouso de atividades físicas, evitar sol, calor, fumo, movimentos amplos dos braços e o acompanhamento médico ambulatorial para avaliação da área operada, sendo indicada a fisioterapia para reabilitação motora e drenagem linfática.

E quanto à prática de exercícios, quando a paciente poderá fazer exercícios?
Geralmente, após trinta a sessenta dias, a paciente está apta a realizar suas atividades físicas habituais.

Como será a cicatriz da cirurgia de reconstrução?

Temos dois aspectos a avaliar: o local da cicatriz e a qualidade da mesma. O local dependerá da técnica empregada, do local e tamanho do tumor, podendo ser uma cicatriz nas costas na linha do sutiã, no abdome inferior, na axila, quando é realizada a retirada de linfônodos e, é claro, nas mamas operadas. A qualidade depende muito da capacidade de cicatrização de cada paciente, tendo o cirurgião plástico o esmero de cuidar bem dos tecidos operados e utilizar técnicas de posicionamento das cicatrizes o mais parecido possível com as técnicas de mamoplastias, com o objetivo de tornar as cicatrizes mais estéticas.

Considerações finais:

As reconstruções mamárias devem ser feitas sempre que possível. Existem leis que obrigam o SUS e aos demais convênios a patrocinarem as reconstruções mamárias.
Elas podem ser tardias ou imediatas e o tratamento das patologias mamárias malignas exigem a sintonia de várias especialidades médicas e afins.
Infelizmente, no Distrito Federal, a Secretaria de Saúde não disponibiliza a possibilidade de reconstrução mamária imediata (junto com a mastectomia), porque não existem serviços de cirurgia plástica acoplados aos serviços de mastologia, restando apenas a possibilidade da reconstrução tardia para os que dependem dos serviços públicos. Estas pacientes são obrigadas a conviverem com as mutilações, até que consigam uma cirurgia de reconstrução no Hospital Regional da Asa Norte, único que possui um serviço de cirurgia plástica em Brasília.


Dr. OGNEV MEIERELES COSAC
FORMADO EM MEDICINA PELA UnB EM 1980
É O PRIMEIRO VICE PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA (2010/2011)
MEMBRO TITULAR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA
MEMBRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA
CIRURGIÃO PLÁSTICO DO HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS



Consultoria:Cirplas Centro de Cirurgia Plástica de BSB

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